Certa noite,no meio do reboliço carnal dos meus pensamentos que,como em todas as noites turvavam o meu sono com grãos de sal luzidio sobre pele em tempestade,ou mo privavam por completo,no desafogo me enroscava naqueles lençóis encardidos como em lume de mulher,envolto em chiadeira,à beira,mesmo quase e pela primeira vez,de afugentar por uma noite só o tormento,o vácuo da libido.Eis que minha mãe,abrindo a porta indignada com as molas do meu colchão,rasgando o silêncio com guinchos de loucura,despe o seu vestido de noite azul...aquele aroma temperado a meia-higiene apoderou-se do meu quarto e de mim.O vestido de noite com toque de seda,atirado para cima das minhas vergonhas.
-Vê se te acalmas.
Este guincho em particular soube-me a mel.
Deitou-se a meu lado.A sua carne tocou a minha.Os seus pêlos acariciavam os meus membros incompletos.E na escuridão...senti com alegria,florescer no seu vestido de noite azul uma pequena mancha mais escura.
A minha primeira vez.
7 comentários:
Que descrição incestuosa!!
Descrição intensa, pormonorizada, crua, digna de me causar repulsa...
Sabes bem que me é impossivel ficar indeferente perante os teus textos!
Beijinho
Irreverente como só tu... Genialmente bem escrito como só tu...
Admiro imenso a forma como falas da intimidade dos corpos e da sua precariedade... os seus calores, os seus odores.
Another sublime lyric...
kiss*
A discrição do incesto está sublime mas, pondo de parte este aspecto, interessa-me mais falar do que veladamente encerra. Descreves-te aqui a teoria de Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Ele acreditava que as pessoas eram movidas pelo inconsciente. Dizia que elas ficavam com a mente doente quando não colocavam os seus sentimentos para fora. Assim, tratava as pessoas interpretando os seus sonhos, com o método da associação livre (falavam do que lhes vinha à cabeça). Desvendava os seus sentimentos reprimidos. O sexo era um desses sentimentos. O tão falado complexo de Édipo, primeiro investimento objectal da libido da criança, ocorreria no progenitor do sexo oposto. A criança percebe então que entre ela e a mãe (no caso de um menino) existe o pai, impedindo a comunhão por ele desejada. A criança passa então a amar a mãe e a experienciar um sentimento antagónico de amor e ódio com relação ao pai. Ela percebe então que tanto o amor vivido com a mãe como o ódio vivido com o pai são proibidos e o complexo de Édipo é então finalizado com o surgimento do superego, com a desistência da criança com relação à mãe e com a identificação do menino com o pai. Há quem considere que Freud não ampliou os conhecimentos sobre sexualidade tendo "neurotizado" a sexualidade ao relacioná-la com conceitos como incesto, perversão e transtornos mentais. Outro elemento importante da psicanálise é a pouca intervenção do psicanalista para que o paciente possa projectar os seus pensamentos e sentimentos no psicanalista. Através deste processo, chamado de transferência, o paciente pode reconstruir e resolver conflitos reprimidos (causadores de sua doença), especialmente conflitos da infância com os seus pais. Podemos encontrar no teu texto a chave da teoria freudiana (libido, complexo de Édipo, repressão, sonho, …), que levam a problemas mentais que Freud curava com a psicanálise, sem medicamentos, um método muito mais saudável e eficaz. Hoje a cura é feita através de antidepressivos, nocivos e que em nada dissolvem o estado de confusão e insegurança. Este estado será resolvido logo que a pessoa defina os seus objectivos e crie, novamente, confiança nela própria, esquecendo a crítica. A autoconfiança é, sem dúvida, a solução de muitos problemas.
Os teus textos com uma originalidade real e polémica têm, além do mais, informação útil, que, a maior parte das vezes, no stress diário, nos vai passando ao lado. Gosto da maneira como nos fazes pensar em pequenos nadas de suma importância.
Obrigado Brown.D facto tas mais à vontade c as teorias freudianas q eu.
Mas basicamente o q diz Freud é q o lado instintivo prevalece por mais civilizado q o homem seja.The dark side of the moon,q apesar d escondido,esta lá.
Ricardo Costa
Finalmente consegui deixar-te aqui um comentário.Excelente o teu texto, como sempre. Ao lermos o que escreves conseguimos visualizar mentalmente a cena. Ao longo do tempo tenho notado que os teus textos estão mais claros e simples mas, a qualidade continua superior. Denota-se uma grande cultura, admirável para um jovem. Creio, rectifica-me se estou enganado, que viveste num meio onde a leitura era um hábito. Deu frutos e muito bons.
Aquilo que numa primeiríssima instância é mais que susceptivel de nos causar repulsa, é aqui descrito de uma forma crua, fria, de um realismo assustador...e mais assustador ainda...de uma forma perfeita.
Amei(é aborrecido dizer sempre o mesmo, mas vão-me faltando os adjectivos e afins)
Beijo grande
Oh Carminho obrigado :p
Deixa la q padeço do mesmo problema no teu blog (cofi)
Beijo.
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