sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Laura não é minha irmã...


O vento soprava a indiferença agitando a metáfora no céu que confluía em massas difusas.
Faz um corte transversal no meu crânio e diz-me o que vês?
Peço-te por favor que me expliques. Enquanto altero o meu estado e me perco em indefinições. O mesmo vento continua a impulsionar o tempo e eu sentada. Nem lágrimas nem nada. E tudo o que me pesa... antes fosse só a gravidade. Enquanto o horizonte permanecer, eu permaneço sentada. Com os dedos enterrados na relva e as formigas a deflorarem-me a carne presa aos ossos sem nexo de causalidade. Não consigo olhar para o rio sem que o azul me penetre o juízo. Aprendi a não julgar sendo julgada, porque com demónios é mais fácil ser tolerante.
E não olhes para o meu perfil como que se visses para além do quadro, não sou a tua irmã. Não partilho nada, a não ser o espaço desta cadeira em que continuo sentada.
Eu não sou a tua irmã.

5 comentários:

Eva Gonçalves disse...

Mais um texto provocador... desconcertante, como eu gosto. Parabéns. Temos mesmo de ser tolerantes com quem nos julga, essa é a minha filosofia. E nunca somos quem julgam que somos, nem nos decifram facilmente... num qualquer perfil ou reprodução . Por vezes, nem mesmo nós sabemos quem somos, não é verdade? E nem por isso, nos julgamos... :) beijo

Brown Eyes disse...

Hereditariedade é especifica e individual. Esta última constitui-se por traços e características próprias que tornam um ser diferente de todos os outros. A personalidade constrói-se ao longo da vida, influencia a nossa história e é influenciada por ela sendo moldada pela experiência. Não é influenciada pelo meio familiar, nem somente pela hereditariedade que por sua vez podem não ter qualquer ligação. Ainda bem que é assim.
Beijinhos

Cu de Barbas disse...

-Brown permite-m discordar. Penso q a tua avaliaçao é ingenua. Tas a menosprezar o principal nexo de causualidade da personalidade q é obviamente a familia. E vou mais longe, a genetica. Por isso, tanto a nivel cientifico como sociologico a familia será, em meu entender, o elemento condicionante no q à personalidade diz respeito.
Agr nao digo q o meio envolvente (extrapolando a familia) e a propria experiencia nao possa modelar a propria personalidade q molda como é obvio. Ms em termos de influencia, é uma ingenuidade por a familia fora da equaçao.
O titulo nao tem q ver c hereditariedade ms c alheamento e distanciamento.

-Eva, concordo com td o q disses-t ms ponho em causa o facto do texto ser provocador. Nao digo q discordo. Teria q ponderar certas questoes ms prefiro q o assunto me continue transversal.

mt obrigado a ambas

Brown Eyes disse...

Discorda à vontade. Aliás quem escreveu foste tu e ninguém melhor que tu para explicares o teu pensamento e a base dele. Sabes que quem lê às vezes relaciona erradamente o que foi dito. Alheamento e distanciamento de meio familiar não? Foi o que percebi. Daí ter dito que penso que a hereditariedade e a familia não serem factores predominantes na formação da nossa personalidade e ainda bem que não são. Pode haver uma pequena influência mas que às vezes ocasiona um comportamento contrário ao comportamento familiar. Não é por acaso que o filho de um bebado, a maior parte das vezes, detesta a bebida. A análise que fez do comportamento paterno vai moldar a sua personalidade no sentido de detestar a bebida. Ainda bem que tocaste neste assunto, é um daqueles que me tem feito pensar muito. Há muitos cientistas que, como tu, pensam que a hereditariedade, genética, familia, são factores importantes no desenvolvimento da personalidade de um individuo. Pois eu penso que não. Penso que há casos e casos. Penso que o meio envolvente e o que vivemos são factores muito mais importantes. Como se compreende que tu encontres numa familia pessoas que não têm um única característica em comum? O facto de estares inserido numa familia não obriga a que tenhas as mesmas vivências e são essas vivências que levam às diferenças. Mas atenção isto é o que penso, sei que não é o que os cientistas pensam, como anteriormente te disse. Daí surgir uma alheamento, um distanciamento, uma falta de partilha, uma diferença entre os membros de uma familia. Beijinhos

Cu de Barbas disse...

Epá, tb t digo q pessoas abusadas sexualmente tendem a ser abusadores.
É claro q n quero dar a entender q é a regra.Há montes d excepçoes e o caracter é talvez mais variavel q a personalidade, ms tb n quero entrar por ai, é uma impressao minha um pouco superficial e nao mt reflectida. Ms as probabilidades de um abusado ser abusador é maior. Ou d um filho q cresça sob a égide d violencia domestica tende a ter esse tipo d comportamentos.Assim aponta a psicologia.

E mtas vezes tal alheamento referido não é mais q a negaçao de um comportamento intrinseco.

E uma coisa é o alheamento aparente, como mascara, ou como fuga e como mt bem disse a Eva, mtas vezes, se não sempre, nem nós proprios nos conhecemos.

Continuo a achar q renegar a familia d tal influencia é injenuo e uma fuga pra frente.

Resumindo, compreendo o teu ponto d vista ms n concordo. Pq para evoluir, o primeiro passo é a aceitaçao da realidade, neste caso dos factores que se conjugam para formar o Eu ;) blink blink