terça-feira, 15 de setembro de 2009

linhas...


Sentado à beira rio, enquadrado pela ponte suspensa por um ténue fio, também eles, que deslizam, entre o vício e a realidade capital que se sobrepõe aquando, a dor agonia e apodrece dentro dos seus nauseados estômagos. Olham para mim. Os seus olhos brilham com esperança, pareço um deles, talvez os compreenda. Talvez lhes alivie a dor por umas horas, é tudo o que pedem. Mas não o que lhes dou. Vejo faiscar olhos irados que partem em busca de alguém mais ingénuo, têm tantas estórias para contar. Ou será só uma? Sempre a mesma contada a tantas gentes diferentes? Vejo os espectros cirandar, é-me próxima esta gente translúcida, entre um mundo e o outro.

7 comentários:

Brown Eyes disse...

Este teu post tem uma mensagem aglutinada que, para nós, talvez não seja transparente mas, de qualquer maneira tendo em conta palavras como vício , pessoas que vivem entre um mundo e outro, eu ligaria tudo isto ao mundo da droga. Mundo onde os corpos diáfanos não são suficientemente transparentes para conseguirmos ler as histórias que por lá habitam. Histórias que se resumem numa só, saciar o vício a todo o custo, ao custo do ingénuo a quem se conta uma história com o propósito de o convencer a contribuir, contribuir para mais uma viagem ao mundo da facilidade aparente onde a luz é na realidade uma faca que acabará por os apunhalar.

Cu de Barbas disse...

acertas-t em cheio ;)

Brown Eyes disse...

Partindo desta certeza, fica a dúvida da tua posição: próxima ou entre?
BJS

Cu de Barbas disse...

com os pes bem assentes tanto num como noutro

Brown Eyes disse...

Preferia que estivesses com os pés bem assentes mas fora do circulo. Quem os assenta dentro está sujeito a sofrer vertigens e a ser derrubado. Não? A roda é demasiado poderosa e a função dela é mesmo prender-nos o mais que possa. Uma pessoa como tu, informada, conhecedora do poder que tem o poder, não acredito que se deixe agarrar por promessas ilusórias que possam pôr em causa a sua integridade intelectual. O teu intelecto, valiosíssimo pelo que por aqui tenho lido, merece toda a tua atenção. Não devendo, nunca, haver nada que possas colocar num degrau superior. Protege-o e nunca permitas que to destruam. É valiosíssimo.

Cu de Barbas disse...

a minha filosofia é mt sixties e tal :)

o meu intelecto n s queixa, mt pelo contrario.

meldevespas disse...

Todos nos revemos em "gente translucida", não sempre, mas certamente muitas vezes. é a atracção para o grande impacto, o lugar onde somos tão grandes como a vontade, mesmo quando a vontade é mera metafora. Mas apesar da atracção essas gentes, ao contrário do que dizes, já perderam as histórias e hipotecaram as memórias.
Como sempre está irrepreensivel, e tocante, mas atrevo-me a dizer que olhes pra outro lado, n cedas à proximidade.
Beijo grande