segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ser técnico...


Na ânsia do moderno comi um gato, abri a goela, engoli o gato. Pouco ético para um ser técnico, um gato engolido num processo asséptico. Sentei-me num banco e esperei que mexesse. Não mexeu. O gato o banco o invólucro que sou eu. Esqueci-me do gato, lembrei-me da mulher. Comeria ela um gato de forma tão impoluta? Fria como uma beata quente como uma puta? E se esse gato fosse eu? Fria como uma beata quente como uma puta, aconchegado por curvas sobrepostas em volume, quieto. Então eu sou a mulher que vê o gato sentado, que ao vomitar o homem morreu engasgado.