sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ensaio sobre o incesto...


Certa noite,no meio do reboliço carnal dos meus pensamentos que,como em todas as noites turvavam o meu sono com grãos de sal luzidio sobre pele em tempestade,ou mo privavam por completo,no desafogo me enroscava naqueles lençóis encardidos como em lume de mulher,envolto em chiadeira,à beira,mesmo quase e pela primeira vez,de afugentar por uma noite só o tormento,o vácuo da libido.Eis que minha mãe,abrindo a porta indignada com as molas do meu colchão,rasgando o silêncio com guinchos de loucura,despe o seu vestido de noite azul...aquele aroma temperado a meia-higiene apoderou-se do meu quarto e de mim.O vestido de noite com toque de seda,atirado para cima das minhas vergonhas.
-Vê se te acalmas.
Este guincho em particular soube-me a mel.
Deitou-se a meu lado.A sua carne tocou a minha.Os seus pêlos acariciavam os meus membros incompletos.E na escuridão...senti com alegria,florescer no seu vestido de noite azul uma pequena mancha mais escura.
A minha primeira vez.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Dúvida...


Ela parada bem à minha frente,nua.Confiante na minha incerteza.Eu caminhando com os meus olhos abertos,derrotados a varrer cada passo,a perscrutar o chão apático que me suportava por capricho,que não sedia sob o tremule pisar dos meus pés de areia fina com a fundamentada confiança que o faria sozinho,algures,não hoje.No tempo que não hoje porque hoje era todo hesitação.Uma nuvem negra arrastando-se pesadamente sobre um qualquer vilarejo perdido no mapa.Ansiosa por desabar dramaticamente sobre o mar,desejosa por não molhar uma alma só.Uma só era demais.
Sempre podia descolar os meus olhos desse chão,deixando as lágrimas suspensas na dúvida do destino,privando-as por um instante das trevas do alcatrão de mel que me beijava os pés com acidez,e encara-la,olhos nos olhos e degustar-me com a placidez verde esmeralda que faria eco no meu olhar de sal.Ela rindo-se para mim enquanto pairava quieta com as pontas delicadas dos pés acariciando o pavimento.Poderia olhar para ela sim,mas aí saberia qual o caminho.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

menless...


E ele que se mais não é
Que a promiscuidade inerente
A vertigem opiacea tão premente
Que o arrasta na maré

E ele que não nota

Que quando o faz se compadece
Que aquando a alma se enriquece
E tudo encaixa e o seu juízo...
E a libido e a condição imutável
O animal confinado e abominável
Ai sem mim o paraíso.